Comunidades do sertão pernambucano resistem à central nuclear

A ameaça da instalação de uma central nuclear às margens do Velho Chico, é no mínimo uma temeridade.   O rio, também conhecido como Opará pelos povos sertanejos, é um recurso hidríco de integração nacional que abastece sete estados, envolvendo 504 municípios do nosso país.

"Caso aconteça um acidente, não só munícipes de Itacuruba sofreriam os impactos, mas no mínimo 12 cidades incluindo algumas na Bahia", alerta Sandriane Lourenço, professora e liderança indígena do povo Pankára Serrote dos Campos. Fora o tamanho do estrago que poderia ser levado pelas águas de um rio que tem um total de 2.800 km de extensão e, como cantou Luiz Gonzaga, vai bater no meio do mar.

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A luta contra o projeto se intensificou em 2009, quando a população foi informada sobre a ameaça vindo do governo federal. Comunidades inteiras realizaram a histórica Marcha das Águas  e a Caravana Antinuclear, entre muitos outros atos públicos. 

A mobilização tem resultado em importantes vitórias, porém o projeto segue de forma silenciosa. Uma decisão recente deslocou o projeto para outro estado "o que se torna uma vitória nem tão boa, pois deveriam banir tais projetos", lamenta Sandriane. 

"Até hoje a população não teve direito à consulta prévia que é garantida pela Constituição. Então lutamos contra inimigos sorrateiros", revela Sandriane.

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A nova gestão não se posiciona de forma transparente. "A gente não consegue dimensionar qual é a posição realmente da governadora Raquel Lyra em relação a isso.O governo continua em silêncio", conta o antropólogo Whodson Silva, do projeto Nova Cartografia Social.

"Itacuruba já é uma cidade que foi reconstruída por um outro projeto, foi realocada. Já teve um impacto. O medo é que um novo megaprojeto acabe trazendo novamente prejuízos, problemas dos mais diversos para a vida social e emocional daquele lugar. Ademais, os medos de um empreendimento nuclear", pondera Whodson.

Os povos originários já enfrentam impactos como a poluição e seca do Rio São Francisco.  "Tememos também a expulsão dos territórios sagrados, uma vez que existe um limite de área a ser habitada ao redor da usina", alerta a liderança Pankará.

O Plano Nacional de Energia 2050, que foi publicado em dezembro de 2020, prevê a construção de até oito novas usinas nucleares até 2050. O projeto nuclear de Itacuruba previa de seis a oito usinas nucleares no Opará. A Articulação Sertão Antinuclear (ASA) e a Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME) estão lutando bravamente contra essa especulação do lobby nuclear, somando forças também com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).  E DIGA AO POVO QUE AVANCE!

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