Da Uol
A PF (Polícia Federal) cumpre nove mandados de prisão no Rio de Janeiro e um em Porto Alegre na manhã desta quarta-feira (6). O ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro é o alvo dessa ação. Ele cumpre prisão domiciliar e é réu em processo na 7ª Vara Federal Criminal, no Rio.
Ele foi levado logo cedo de sua casa, na Barra da Tijuca, zona oeste, por agentes da PF. Pinheiro deve ser encaminhado à sede da PF no Rio, na zona portuária da cidade.
Além dele, seis funcionários da empresa, que integravam o núcleo operacional das fraudes, tiveram a prisão preventiva decretada e o atual diretor, Pedro Figueiredo, foi afastado por ordem judicial.
A ação, baseada em material de delação premiada da Andrade Gutierrez, investiga desvios no setor elétrico e é um desdobramento da Operação Lava Jato. São investigados os crimes de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro na construção da usina de Angra 3. O objetivo é desarticular a organização criminosa que atuava na Eletronuclear.
Também há três mandados de prisão temporária, nove de condução coercitiva e 26 mandados de busca e apreensão sendo cumpridos por 130 agentes federais.
Os pedidos foram expedidos pela Justiça do Rio após o caso ter sido desmembrado por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
A PF chamou de Operação Pripyat. O nome se refere à cidade ucraniana que se tornou uma espécie de "cidade fantasma" após o acidente nuclear em Chernobyl.
Em junho, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Rogério Nora de Sá afirmou à Justiça Federal, no Rio, que Pinheiro, durante sua gestão à frente da presidência da Eletronuclear, pediu "contribuição política" para o PT e para o PMDB e "contribuição científica".
Segundo Nora, que é um dos 11 delatores da empreiteira na Operação Lava Jato, Pinheiro pediu 1% para seus "projetos futuros". Ele é acusado de ter recebido propina das empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, que representariam pelo menos R$ 4,5 milhões.
No início de junho, o MPF requereu à Justiça a prisão do ex-presidente da Eletronuclear, apontando-o como um dos principais beneficiários do esquema. O executivo receberia o dinheiro por meio de contratos fictícios celebrados com a Aratec, empresa de propriedade da filha do ex-presidente da Eletronuclear, Ana Cristina da Silva Toniolo, e as intermediárias CG, JNobre, Deutschebras e Link. Tais firmas recebiam previamente a propina das empreiteiras, de acordo com os investigadores, a partir da assinatura de contratos de fachada, completando o esquema de lavagem de dinheiro.
"Nas investigações do MPF, realizadas com procedimentos de cooperação internacional, apurou-se que Othon Silva e sua filha promoveram evasão de divisas, com a manutenção em conta corrente em Luxemburgo, Europa, de valores não declarados à Receita Federal do Brasil", informou a MPF, em nota divulgada no dia 7 de junho.
Othon foi preso na 16ª fase da operação Lava Jato, chamada de "Radioatividade". Ele responde por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, obstrução da justiça e organização criminosa.
Procurada, a Eletronuclear informou por meio de sua assessoria de imprensa que só deve se pronunciar após ter acesso a todas as informações da operação.
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