Eletrobras se diz vítima de ex-presidente da Eletronuclear em ação da Lava Jato

Por Estadão Conteúdo

A Eletrobras se diz vítima do ex-presidente da subsidiária Eletronuclear, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, em suas alegações finais na ação penal da Operação Lava Jato que investiga o setor elétrico. O processo, em tramitação na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, investiga crimes de corrupção ativa ou passiva, lavagem de dinheiro e concussão (exigência de dinheiro ou vantagem por funcionários) nas obras da usina nuclear de Angra 3.

"A requerente (Eletrobras) é vítima de executivo que, contrariando os interesses institucionais da Eletrobras, abusou do seu cargo de diretor-presidente da Eletronuclear para solicitar e receber vantagens pessoais indevidas de empresas privadas", afirmou a empresa no documento apresentado à Justiça do Rio. O almirante foi detido em julho do ano passado e hoje está em prisão domiciliar. Um dos maiores especialistas brasileiros em energia nuclear, ele é o principal alvo das acusações.

A empresa também reafirmou o posicionamento do MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro, feito no início do mês nas alegações finais no processo. O órgão pediu a condenação do almirante, do ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, e de outras 12 pessoas por desvios superiores a R$ 4,4 milhões, além do bloqueio e restituição do valor.

A ação da Eletronuclear foi desmembrada da Lava Jato que corre em Curitiba e é resultado da 16ª fase da operação, chamada Radioatividade. A investigação foi enviada à Justiça Federal do Estado do Rio por decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). A Eletrobras participa como assistente de acusação no processo.

Os 14 réus do processo foram ouvidos ao longo de abril, entre eles Pinheiro da Silva. Em depoimento, o ex-executivo admitiu que usou contratos de fachada para receber dinheiro da construtora Andrade Gutierrez quando já presidia a Eletronuclear. Negou que fosse propina. A sentença do caso, que começou a andar em novembro do ano passado, é aguardada para este mês.

De acordo com o MPF, os réus tinham um "meticuloso esquema" e "organização criminosa" que usavam influência política para fraudar licitações da usina. "Foi amplamente demonstrada a correlação entre os crimes de corrupção ativa e passiva envolvendo Othon Luiz e as assinaturas de contratos e aditivos para as obras de Angra 3", pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, que também teve executivos listados como réus.

A Eletrobras pede ainda que seja avaliado valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, "considerando os consideráveis prejuízos sofridos" pela empresa.

Exibições: 32

Comentar

Você precisa ser um membro de Articulação Antinuclear Brasileira para adicionar comentários!

Entrar em Articulação Antinuclear Brasileira

Fazemos parte da Frente por uma Nova Política Energética

Acesse!

Site      Facebook    Twitter

© 2024   Criado por Articulação Antinuclear BR.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço