(montagem Jornal GGN)
A operação Pripyat (cidade ucraniana fantasma, devastada pelo desastre atômico de Chernobyl) realizada pela Polícia Federal como desdobramento da Lava-Jato abalou profundamente o Programa Nuclear Brasileiro. Pripryat renova as esperanças de sepultarmos o projeto de construção de Angra 3, que, erigido contra a vontade da sociedade brasileira, revela-se um antro de corrupção e, pior ainda, uma demonstração de inacreditável irresponsabilidade.
Entre as 10 prisões, voltou às grades o vice-almirante Othon Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear. O mesmo que ameaçou “meter bala em todos” os policiais federais, durante sua primeira prisão, em julho de 2015, na Operação Radioatividade. A Pripyat também afastou o atual presidente da empresa, Pedro Diniz Figueiredo.
Delatores da Lava-Jato têm relatado a distribuição de propinas para partidos políticos e já foram citados como negociadores os senadores Edison Lobão, Renan Calheiros e Romero Jucá. O próprio presidente interino Michel Temer já aparece como destinatário de propina. Como se vê, muitos beneficiaram-se da imposição de construir Angra 3: empreiteiros, políticos e técnicos da Eletronuclear. Já o interesse público, os cidadãos brasileiros, ficaram só com a ameaça do risco de uma catástrofe como as de Chernobyl e Fukushima!
Pareceres de técnicos de segurança da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), feitos em 2007 e 2008, afirmam que o projeto não foi atualizado para respeitar as condições de segurança já exigidas naquele tempo (muito menos o seria atualmente, depois de Fukushima). Os pareceres não permitiriam, portanto o licenciamento de Angra 3. A CNEN engavetou o documento e licenciou a obra. Seguramente por ordem de quem se beneficiaria com o propinoduto, se a obra fosse contratada (ou já estava se beneficiando, como está sendo constatado).
Angra 3 é um projeto da ditadura militar, elaborado nos anos 70, antes mesmo do primeiro grande acidente nuclear, em Three Mile Island (EUA), em 1979. Sua obra, paralisada em 1986, foi retomada em 2008. Apesar da operação da PF levar o nome de Pripryat, a grande mídia nada comentou sobre a insegurança da população na hipótese de sofrermos uma tragédia como a ocorrida na Ucrânia e em Fukushima.
Em 2015 protocolamos documento junto ao Ministério Público Federal (MPF) denunciando a obsolescência do projeto, já indicada pelo próprio Ministério Público Federal de Angra dos Reis e requerendo a suspensão da construção de Angra 3. O processo 1.30.014.000123/2007-2007-43, movido pelo MPF de Angra, pediu o embargo da obra para que fosse feita uma revisão do projeto da usina no que diz respeito à sua segurança.
Além do MPF, Relatórios independentes elaborados pelos físicos da USP, Célio Bermann e Francisco Corrêa, apontam outras ameaças ligadas à localização (sujeita a deslizamentos de terra e inundações), à falta de condições de estocagem segura do combustível usado e à ineficiência dos planos de emergência em caso de acidente.
Com relação aos custos do projeto, o físico Luiz Pinguelli Rosa, informa que a projeção de custo por MW instalado em Angra 3 é R$5 mil, enquanto da hidrelétrica de Belo Monte, por exemplo, é de R$ 1 mil. Estimativas apontam que ainda são necessários mais de R$8 bilhões para finalizar a usina. Ou seja, estamos pagando caríssimo por uma fonte de energia perigosa e suja, pois gera lixo nuclear, para o qual a humanidade ainda não encontrou uma solução definitiva. Ainda há tempo de parar Angra 3 e investir em fontes de energia limpas e renováveis.
A Articulação Antinuclear Brasileira se opõe terminantemente à produção de energia elétrica com usinas nucleares e vê nas investigações em curso uma chance para repensarmos nossa produção energética e barrar de vez a construção de Angra 3.
Em defesa da Vida, temos de Barrar Angra 3! Xô Nuclear!
© 2024 Criado por Articulação Antinuclear BR. Ativado por
Você precisa ser um membro de Articulação Antinuclear Brasileira para adicionar comentários!
Entrar em Articulação Antinuclear Brasileira