Brasil desperdiça potencial de energia eólica e biomassa

País pode produzir 300 GW com ventos, mas só gera 4,8 GW; bagaço da cana também garantiria oferta

PUBLICADO EM 07/09/14 - 03h00

O Brasil desperdiça um enorme potencial de geração elétrica a partir de fontes alternativas, que poderiam ser usadas para aliviar a dependência das hidrelétricas, principalmente em época de seca. É o caso da energia eólica e da biomassa usando bagaço de cana, por exemplo. Tanto os ventos mais fortes, quanto a safra da planta acontecem no período da estiagem.

“O potencial é enorme e o Brasil não aproveita”, diz a especialista em bioenergias da B2L Investimentos, Danielle Limiro. Em energia eólica, o país tem 4,8 GW instalados, mas o potencial é de 300 GW. Já a biomassa poderia gerar o equivalente a uma usina de Itaipu, mas respondeu apenas por 5% do consumo brasileiro, de acordo com o Boletim de Operação das Usinas, da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O MW/h gerado por térmicas custa entre R$ 160 e R$ 200. Em usinas eólicas, o valor cai para R$ 120 ou R$ 130 por MW/h.

Essas energias seriam complementares à matriz hidráulica, e, mesmo que o regime de chuvas estivesse regular, seria necessário investir na diversificação da matriz, porque a demanda só cresce. “Independentemente do clima, o Brasil precisa incorporar outras fontes à matriz, para atender ao crescimento do consumo”, diz o diretor de sustentabilidade da PWC, Carlos Rossin.
Ele explica que a demanda cresce pelo menos 4% ao ano e, para acompanhar, é preciso gerar energia a partir de várias fontes. “A diversificação é estratégica”, diz ele, citando também as fontes solar, térmica e nuclear.

Em relação às nucleares, em 2008 o Ministério de Minas e Energia chegou a anunciar que o país construiria 50 usinas do tipo nos próximos 50 anos em diversas regiões. Mas, até hoje, nenhum desses projetos foi anunciado. Danielle Limiro acredita que o Brasil consiga suprir a demanda sem essa matriz, e lembra que a implantação de usinas nucleares traz junto o problema da destinação do lixo atômico.

Térmicas. As usinas térmicas respondem por 27,1% da capacidade de geração de energia instalada no país e estão produzindo a todo vapor para suprir a demanda, já que os reservatórios das hidrelétricas estão muito baixos.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o sistema Sudeste/Centro-Oeste, o maior do país, opera com apenas 30% de seu volume. Na bacia do São Francisco, a usina de Três Marias está praticamente seca, com apenas 7% de seu volume total. 

Candidatos pretendem diversificar

Em seus programas de governo, os principais candidatos à Presidência pretendem diversificar a matriz energética. Maria Silva (PSB) diz que vai “aperfeiçoar e aumentar” os atuais programas de energias fotovoltaica e eólica. Aécio Neves (PSDB) pretende contemplar “as diversas fontes, de forma a garantir maior confiabilidade ao sistema”. Dilma Rousseff (PT) diz que “as propostas estão sendo discutidas e aprofundadas em grupos temáticos” para o fechamento do programa de governo.

http://www.otempo.com.br/capa/economia/brasil-desperdi%C3%A7a-poten...

Exibições: 60

Comentar

Você precisa ser um membro de Articulação Antinuclear Brasileira para adicionar comentários!

Entrar em Articulação Antinuclear Brasileira

Fazemos parte da Frente por uma Nova Política Energética

Acesse!

Site      Facebook    Twitter

© 2024   Criado por Articulação Antinuclear BR.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço