A sujeira da Eletronuclear mal foi varrida para debaixo do tapete e o governo Temerário já se movimenta tentando concluir a usina nuclear Angra 3. Aquela mesma que, segundo o TCU, desviou R$ 136 milhões, o que gerou o indiciamento 15 pessoas por corrupção e cujas obras foram abandonadas pelas empreiteiras desde setembro do ano passado. O governo insiste em construir uma usina, envolvida em crimes de corrupção denunciados pela Lava Jato que prendeu o então presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Portanto, envolvida assim nesse lamaçal, é uma obra cujo fim não merece sequer um réquiem.  

Semana passada, representantes da estatal chinesa de energia nuclear (China National Nuclear Corporation) estiveram no Brasil sondando o Programa Nuclear Brasileiro. Informações dão conta de que eles visitaram as usinas nucleares em Angra dos Reis, as obras de Angra 3 e a sede da Indústrias Nucleares do Brasil. Os Chineses, que possuem 36 usinas funcionando e mais 20 em construção estão investindo em novos mercados. Desde 2015 as estatais chinesa e brasileira já haviam assinado acordo de cooperação técnica, que agora pode ser ampliado para a construção de Angra 3. 

Ao mesmo tempo, no Seminário Internacional de Energia Nuclear, que aconteceu também na semana passada no Rio de Janeiro, a indústria nuclear só falava em construir mais usinas e flexibilizar as regras para permitir a participação do setor privado em sua construção e gestão. Pauta do interesse deles, que fazem parecer de interesse nacional já que a energia nuclear é tão cara que precisa de enormes incentivos do governo para ser comercialmente viável. Pagamos nós com nossos impostos e levamos como recompensa os impactos socioambientais que já ocorrem com o funcionamento normal e ainda o risco de um desastre nuclear. 

Nesse sentido, é muito conveniente que o Brasil tenha ratificado o Acordo de Paris recentemente, comprometendo-se a diminuir a emissão de gases de efeito estufa. Medida necessária a todos nós, mas da qual indústria nuclear se aproveita para bater no mesmo discurso mentiroso de sempre sobre a nuclear ser uma energia limpa. Calculando a emissão de CO2  também do processo de produção de equipamento necessário ao seu funcionamento, a energia nuclear ainda emite mais CO2 do que as hidrelétricas e eólicas. Além disso, que energia limpa é essa que produz lixo nuclear que a humanidade ainda não sabe sanear? 

A Articulação Antinuclear Brasileira se opõe firmemente ao término da construção de Angra 3 assim como de novas usinas no Brasil.  Os impactos das usinas nucleares brasileiras e da mineração de urânio já se fazem sentir em diversas comunidades em Angra dos Reis (RJ), Caetité (BA) e Santa Quitéria (CE) e precisam parar! Nosso rico potencial energético não precisa de  uma fonte de energia cara, poluente e perigosa. Dizemos não ao nuclear e sim às fontes limpas e renováveis de energia, com produção descentralizada e gestão democrática.

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