Por Luciano Costa para a Reuters
A estatal Eletrobras busca saídas para três enormes imbróglios no caminho da recuperação da companhia-- uma dívida bilionária com a Petrobras pela compra de combustíveis para termelétricas, a paralisação das obras da usina nuclear de Angra 3 e os grandes atrasos no cronograma de linhas de transmissão que precisam ser construídas por sua subsidiária Chesf.
O presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr., disse nesta sexta-feira (30) que os débitos com a Petrobras deverão agora ser alvo de uma negociação conduzida pessoalmente por ele junto ao presidente da petroleira, Pedro Parente.
"Está havendo discussões entre equipes dentro da Petrobras e da Eletrobras, e espero que agora suba de nível e discutamos ele e eu", explicou Ferreira, que falou com jornalistas após evento em São Paulo.
Ele disse que ao assumir o comando da maior elétrica do país, em julho, recebeu do governo do presidente Michel Temer a missão de resgatar a credibilidade da companhia, o que teve início com um movimento para quitar dívidas, como as que a Eletrobras possuía junto a geradores pela compra de eletricidade contratada em leilões, que segundo ele foram quitadas recentemente.
O executivo afirmou também que a Eletrobras está muito próxima de acertar a inadimplência junto ao mercado de curto prazo de energia, cujas liquidações financeiras são realizadas mensalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
"Tinha muita inadimplência setorial, com nossos sócios e alguns fornecedores, entre eles a Petrobras... a (dívida) com a Petrobras é maior, é natural (que demore mais), pelo tamanho. As menores já foram resolvidas", afirmou Ferreira.
A Eletrobras contratou uma consultoria para ajudá-la a definir meios de retomar as obras da usina nuclear de Angra 3, que foram paralisadas neste ano em meio a denúncias de corrupção investigadas pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público no âmbito da operação Lava Jato.
Pouco após o início das investigações, as empreiteiras responsáveis pela montagem eletromecânica da usina, cuja contratação é apontada pelos investigadores como alvo de propinas, pediram para deixar o projeto alegando atrasos em pagamentos por parte da Eletrobras.
Segundo Ferreira, existe uma comissão dedicada ao assunto na Eletronuclear, subsidiária responsável pelo empreendimento, e esse grupo tem interagido semanalmente com os financiadores da usina e com o Ministério de Minas e Energia.
As conclusões desse trabalho deverão ser analisadas em dezembro pelo Comitê Nacional de Política Energética (CNPE), que reúne autoridades do setor e é presidido pelo ministro de Minas e Energia.
Até o momento, no entanto, ainda não há uma solução sobre a mesa para o empreendimento, orçado em cerca de R$ 15 bilhões.
Nos balanços de 2015 e 2016, a Eletrobras realizou baixas contábeis de R$ 14,5 bilhões referentes a Angra 3, ao calcular uma forte redução no valor recuperável do empreendimento.
Outro assunto em discussão na estatal é a normalização do cronograma de obras da subsidiária Chesf, que atua principalmente no Nordeste e acumula uma média de 1.472 dias de atraso em seus empreendimentos na área de transmissão de energia, parte deles parados devido à falta de recursos.
Ferreira disse que a ideia é que a recuperação desses atrasos esteja contemplada no plano de negócios que a Eletrobras pretende aprovar até o final de outubro.
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