Executivo da Andrade diz que se reuniu com ex-presidente da Eletronuclear para tratar de propina

Por Danielle Nogueira, para O Globo

O diretor da área de energia da Andrade Gutierrez, Flávio Barra, admitiu nesta sexta-feira ter se encontrado com o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, na casa dele, para tratar de propina. O depoimento foi concedido durante audiência aberta na 7ª Vara Criminal Federal do Rio, onde corre ação contra a Andrade Gutierrez, acusada pela Lava-Jato de pagamento de propina a Eletronuclear.

Segundo Barra, foram feitas duas reuniões na casa de Othon da Silva para tratar de propinas e repactuações dos contratos da Andrade para construção da usina nuclear de Angra 3:

— Teve duas reuniões na casa dele. Falamos sobre doações. Nós vivíamos pedindo repactuações (dos contratos). Quando assumi os contratos, já tinha R$ 150 milhões de prejuízo. Se continuássemos performando assim, teríamos déficit de R$ 250 milhões. Precisávamos que o Dr. Othon atuasse para que os aditivos fossem assinados — disse Barra.

Barra assumiu os contratos, avaliados em R$ 1,5 bilhão, em 2013. Segundo ele, eram feitos pagamentos em espécie a diretores da Eletronuclear no valor de 1,5% a 2% dos valores dos contratos. Para viabilizar esses pagamentos, os contratos tinham o valor elevado, em geral quando esses contratos eram feitos por empresas de prestação de serviço do lobista Adir Assad, segundo Barra.

— Os contratos tinham o valor elevado. A partir de um determinado momento, como a capacidade de trabalho dele (das empresas de Adir Assad) estava no limite, começamos a fazer contratos fictícios.

Um dos pagamentos feitos a Othon da Silva, de R$ 300 mil, foi autorizado pessoalmente por Barra e executado pela Deutschebras, uma empresa de fachada. Segundo o Ministério Público, o ex-presidente da Eletronuclear teria recebido R$ 4,5 milhões em propina.

Barra disse ainda que não participou de reuniões com Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, sobre propina em Angra 3. As reuniões com Vaccari, afirmou, haviam sido feitas para tratar de propina em Belo Monte.

O depoimento de Barra começou às 13h30 e durou cerca de duas horas.

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