REUTERS - 12 de novembro de 2013.
O ex-premier japonês Junichiro Koizumi pediu a seu sucessor, o atual primeiro-ministro Shinzo Abe que o Japão abandone a energia nuclear, aumentando a pressão sobre o governo para reconsiderar sua posição sobre a impopular energia atômica.
Koizumi foi um dos primeiros-ministros mais populares do Japão, antes de deixar o cargo em 2006. Seus comentários influenciam o público em geral e o bloco governista , liderado pelo seu antigo Partido Liberal Democrático (LDP) .
A energia nuclear tem sido controversa desde que a usina nuclear de Fukushima, ao norte de Tóquio, foi atingida por um grande terremoto seguido de tsunami em 2011, provocando explosões, o derretimento de três dos quatro reatores, resultando no pior acidente nuclear do mundo desde Chernobyl.
"Se o LDP decidir abandonar a energia nuclear, todos os partidos o apoiariam, visto que a oposição já apóia isso", disse Koizumi em entrevista coletiva .
"Isso seria um projeto magnífico. O primeiro-ministro pode usar o seu poder para utilizar a natureza como recurso para geração de energia. Não há outros primeiros-ministros tão afortunados como ele."
Koizumi apoiou a energia nuclear quando ele era primeiro-ministro e seus apelos nos últimos meses para o país desistir desta fonte são uma dor de cabeça para o governo.
Abe pretende reduzir a energia nuclear o tanto quanto possível, mas acredita que seria irresponsável desistir imediatamente , porque isso ameaçaria um fornecimento estável de energia.
Koizumi disse que se o dinheiro utilizado para construir usinas nucleares fosse gasto em fontes renováveis de energia seria possível estimular seu amplo desenvolvimento tecnológico.
Mais de dois anos e meio após o desastre na usina nuclear de Fukushima Daiichi , a operadora , Tokyo Electric Power Co (TEPCO), ainda está tentando conseguir parar os vazamentos de radiação .
Koizumi afirma que Abe pode definir a posição do Japão sobre o assunto.
"Mesmo dentro do LDP, há bastante legisladores cujo coração está inclinado para a defesa da política de zero nuclear. O poder de um primeiro-ministro é enorme. Se ele propôr a política de zero nuclear, não surgirão objecções. "
Questionado sobre o apelo de Koizumi , o Chefe de Gabinete Yoshihide Suga indicou que o governo pretende manter a sua política de redução gradual da participação da energia nuclear na matriz energética do país.
"O governo acredita que é extremamente importante administrar sua política de energia de forma responsável ", disse Suga .
O atual primeiro ministro Abe está bem nas pesquisas de opinião, devido ao sucesso de sua política econômica. Mas a política energética pode vir a ser seu calcanhar de Aquiles: uma pesquisa realizada pela Asahi Shimbun mostrou que 60 % dos entrevistados apóiam a proposta de zero nuclear do ex-primeiro ministro Koizumi .
(Reportagem de Kiyoshi Takenaka , Edição de Robert Birsel )
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