Deslocados de Fukushima protestam contra fim de apoios para alojamento

Por SIC Notícias

Os deslocados de Fukushima denunciaram esta terça (17), em Tóquio, a política das autoridades, que retiram apoios para forçar o regresso à região, de onde saíram há cerca de seis anos com medo da radioatividade

Cerca de 26.600 pessoas que deixaram a região "por iniciativa própria", de acordo com o vocabulário oficial, vão deixar de receber, a partir de 31 de março, ajudas financeiras para alojamento.
O governo ordenou evacuações em função do nível de exposição às radiações. Nos locais em que esse nível não era ultrapassado, fugir ou ficar foi uma decisão para os residentes.
Aqueles que partiram à pressa receberam posteriormente apoios, mas por um prazo determinado que se aproxima do fim.
Muitas famílias decidiram separar-se, o pai ficou para trabalhar, enquanto mãe e filhos partiam para outras regiões japonesas.
"Os sangramentos do nariz, a diarreia e os vómitos da minha filha de 12 levaram-nos a decidir, em junho de 2011 - três meses após o acidente da central nuclear de Fukushima - a minha partida com as crianças, deixando o meu marido a trabalhar no nosso restaurante em Koriyama. Fomos para a região de Kanagawa (nos arredores de Tóquio), o que não teríamos feito se não fosse esta catástrofe atómica", contou aos jornalistas estrangeiros uma antiga residente da província de Fukushima (nordeste), Noriko Matsumoto.
"Gostaríamos de regressar, mas, nas atuais condições, não é possível. Continuamos preocupados com a nossa saúde", acrescentou Matsumoto.
Os peritos denunciaram já os critérios do governo, que considera a maior parte da região recuperada e sem problemas para a saúde.
É já possível "viver normalmente" nas zonas em questão, afirmou um porta-voz da prefeitura de Fukushima, contactado pela agência noticiosa France Presse (AFP). 
"Portanto, deixámos de garantir alojamentos temporários", acrescentou. Os deslocados com maiores dificuldades económicas vão continuar a receber um pequeno apoio financeiro, disse. 
A ensaísta Chia Yoshida, autora de um trabalho sobre esta questão, insistiu que "os deslocados voluntários tendem a ser ignorados pelas autoridades" e, por isso, nas próximas semanas mais de 26.600 pessoas "não sabem onde vão viver". 
"Podem escolher entre regressar a uma zona na qual não querem viver, por receio de ficarem expostos a radiações, ou tornarem-se pobres devido ao peso financeiro de um alojamento que vão ter que pagar", lamentou.

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