Alemanha busca alternativa para depositar de forma permanente o lixo atômico

 Alemanha busca alternativa para depositar de forma permanente o lixo atômico

País caminha em direção a uma nova matriz energética, mas encontra dificuldades para decidir o que fazer com o lixo já existente. Atual depósito é considerado temporário, e acordo político pode facilitar solução.

Desde o acidente nuclear de Fukushima, em 2011, a Alemanha trabalha na busca de alternativas mais seguras para o seu modelo energético e planeja o desligamento de todos os reatores até 2022. Oito já foram desligados, mas, enquanto os demais não encerram suas operações, um dos principais problemas relacionados à energia atômica volta a debate no país: onde depositar de forma permanente o lixo radioativo.

Até agora, o armazenamento vem sendo feito de forma provisória em áreas próximas aos reatores e em cavernas de antigas minas de sal em Gorleben, na Baixa Saxônia. O questionamento sobre os motivos da escolha da cidade como depósito levou a chanceler alemã, Angela Merkel, aos bancos de uma CPI no ano passado, acusada de ter feito uma opção política e não técnica para depositar o lixo atômico.

Na época da decisão, Merkel respondia pelo Ministério do Meio Ambiente, no governo do então chanceler Helmut Kohl. Em depoimento, ela alegou que a decisão seria ainda anterior ao seu mandato e que teria apenas dado sequência a um trabalho já iniciado.

Além do lixo das usinas nucleares alemãs, Gorleben recebeu ainda material radioativo vindo da França – consequência de um acordo entre operadoras atômicas dos dois países. O transporte foi suspenso após o fim do contrato, em 2011. Houve intensa movimentação popular, e protestos chegaram a atrasar o escoamento da carga radioativa, o que evitou a renovação dos acordos.

Perto de um desfecho

Desde então, diferentes forças políticas do país têm travado uma disputa sobre o local ideal para o depósito definitivo dos resíduos radioativos. Conversas entre partidos parecem ter aproximado a situação de um desfecho nesta semana: uma comissão vai verificar possíveis locais para o armazenamento do lixo atômico na Alemanha.

A decisão partiu de um acordo inédito selado entre o governador da Baixa Saxônia, Stephen Weil (SPD), e o ministro do Meio Ambiente, Peter Altmaier (CDU), e foi considerada um avanço importante na discussão da questão atômica no país.

O líder do partido Verde no país, Jürgen Trittin, aplaudiu o acordo. “Finalmente há uma disputa sem resultados definidos”, declarou. Mas o importante, segundo ele, é que os critérios para a escolha do depósito de lixo atômico não sejam definidos de forma anônima e a portas fechadas, mas sim de forma transparente.

“Isso é um sucesso”, disse Trittin. “Sem um método de seleção, Gorleben certamente seria escolhida. É um grande avanço que alternativas sejam analisadas.”

A decisão final deve ser tomada apenas em 2015, após a exclusão de diferentes locais avaliados. A organização ambiental internacional Greenpeace tem acompanhado as negociações e, a seis meses das eleições legislativas, se diz atenta à possível influência de interesses políticos.

Matéria da Agência Deutsche Welle, DW

publicada pelo EcoDebate, 27/03/2013

Exibições: 39

Comentar

Você precisa ser um membro de Articulação Antinuclear Brasileira para adicionar comentários!

Entrar em Articulação Antinuclear Brasileira

Fazemos parte da Frente por uma Nova Política Energética

Acesse!

Site      Facebook    Twitter

© 2024   Criado por Articulação Antinuclear BR.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço