Risco radioativo no sudoeste da Bahia, Brasil: um mapeamento das ações institucionais

Rita de Cassia Lopes Gomes*

Armazém “provisório” para lixo nuclear, estocado em lugar
impróprio, a céu aberto, acabou ficando permanente

O estudo Risco radioativo no sudoeste da Bahia, Brasil: um mapeamento das ações institucionais, objetivou apresentar e discutir as ações das instituições públicas para controle do risco radioativo decorrente da mineração de urânio, entre 2008 e 2019, no sudoeste do Estado da Bahia. O mapeamento institucional realizado considerou três abordagens: a problemática da radioatividade nos contextos internacionais e nacionais; o comportamento das instituições públicas frente a esta problemática relacionada ao controle do risco radioativo no entorno da mineração de urânio; e, o protagonismo das organizações da sociedade civil e dos movimentos sociais que constituíram a luta contra o risco radioativo no território. Neste estudo foram analisados 141 documentos produzidos pelas instituições públicas federais, estaduais e municipais, pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), organizações não governamentais e 28 entrevistas com gestores e técnicos das mesmas. Os documentos foram interpretados a partir do modelo da CDC/EUA/OMS para análise das Funções Essenciais em Saúde Pública.

Os resultados revelaram, situações de contrastes institucionais com diferentes visões sobre a saúde e o meio ambiente diante do problema; que existem modelos de gestão e experiências diferenciadas frente ao mesmo fenômeno; que as narrativas institucionais expressaram consensos em termos de baixa capilaridade e capacidade técnica limitada das ações para o controle do risco radioativo; baixa qualificação dos profissionais de saúde e condições técnicas para prevenção e controle e, informações epidemiológicas insuficientes sobre risco radiativo. Portanto, as ações institucionais para o controle do risco radioativo nos municípios do entorno da mineração de urânio no Sudoeste da Bahia são escassas ou pouco efetivas, indicando o cenário preocupante da continuidade da invisibilidade epidemiológica sobre os efeitos à saúde da população exposta na região Sudoeste da Bahia decorrente da exposição radiativa decorrente da mineração do urânio na região.

A participação da população local e das comunidades nos municípios potencialmente expostos à atividade de mineração de urânio se constituíram como ações potentes que denunciaram inações e desinformações institucionais para o controle do risco radioativo e proteção da saúde dos trabalhadores e do meio ambiente no sudoeste da Bahia. O protagonismo da sociedade civil organizada e dos movimentos sociais desvelou sentidos e significados sobre o território de mineração que desumaniza, mas revelou da mesma forma uma nova territorialidade, onde estiveram assentadas as lutas e as pautas para o enfrentamento do risco radioativo.

________________________

* Rita de Cassia Lopes Gomes - Assistente Social da Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador, desde 2007. Mestra em Saúde, Ambiente e Trabalho pelo Programa de Pós Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, Doutoranda em Saúde Coletiva pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Foto – Arquivo MPJ

_____________________

Artigo publicado na íntegra em 2022 na Research, Society and Development V. 11, n.8/2022 - Radioactive risk in southwest Bahia, Brazil: a mapping of institutional actions. Research, Society and Development. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/31322

____________________________________________________________________________

Publicação da Campanha Nacional da Articulação Antinuclear Brasileira pela não conclusão de Angra 3 e não extensão da vida útil de Angra 1!

Exibições: 6

Comentar

Você precisa ser um membro de Articulação Antinuclear Brasileira para adicionar comentários!

Entrar em Articulação Antinuclear Brasileira

Fazemos parte da Frente por uma Nova Política Energética

Acesse!

Site      Facebook    Twitter

© 2024   Criado por Articulação Antinuclear BR.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço