Hiroshima, Fukushima, Angra dos Reis,...e os bueiros do Rio de Janeiro

A questão nuclear sempre me causou um misto de desconfiança e medo, talvez até por ser filho da geração de Vinicius de Morais e pensar sempre “nas crianças mudas telepáticas”, ou talvez, por minha formação profissional em História me fazer ver Hiroshima e Nagasaki, como um genocídio estúpido do belicismo imperialista yankye, como dizíamos, nas décadas de 60 e 70. 

O que me assusta em Fukushima, como em Tree Miles e Chernobyl, é a confirmação da falibilidade das Ciências Exatas, como alguns ainda tentam crer, visto que acidentes e incidentes sempre ocorrerão, por mais que alguns insistam em não acreditar nas suas reais possibilidades, infeliz e assustadoramente, confirmadas nestes casos com suas sucessivas ocorrências.
Em todos estes últimos casos comprova-se a impossibilidade de se ter controle absoluto sobre estes acontecimentos, tanto da iniciativa empresarial privada dos EUA, do estatismo soviético e da extremada e adestrada milenar eficiência japonesa, que inclusive, noticia a mídia, há pouco mais de dois meses, renovara a autorização de funcionamento da usina nuclear de Fukushima, por mais 10 anos.
Posto isto, ponho-me a pensar em Angra dos Reis e na proposta do governo brasileiro, de não só ampliar as usinas existentes em Angra, mas também de criar novas em outros locais no Brasil, alvo até de disputa entre duas cidadezinhas das margens do Rio São Francisco. Isto enquanto os bueiros da cidade do Rio explodem e a empresa responsável (?) afirma não ter condições de controlar de imediato a situação do sistema da cidade.
Acreditando-se na possível (e diríamos muito provável) falibilidade dos brasileiros o que aconteceria com um acidente em Antares, digo Angra dos Reis? Que idade já tem os reatores? Qual o seu tempo de vida útil? Cabe um remendo? Ou uma “meia sola”? Cada vez mais creio, pavorosamente assustado, que de imediato esta catástrofe atingiria só duas pequenas cidadezinhas próximas: Rio de Janeiro e São Paulo. Mais algumas dezenas/centenas de outras menores no percurso e raio de ação, de alcance impossível de ser previamente determinado.
E se este acidente ocorresse, por acaso. no Vale do São Francisco? Qual seria o alcance? Meu Deus! Só nos resta rezar para o Velho Chico, vítima secular da exploração irresponsável e predadora de seus recursos, que já nos livrou do lixo atômico que queriam nos mandar para o Raso da Catarina, o que imediato provocou a santa ira dos habitantes do ar Quintal do Franco Barreto, nos livre agora também deste mal maior do mundo! Amém!

OBS: Este texto foi produzido no calor dos acontecimentos de Fukushima, mas continuam sendo, infelizmente, cada vez mais atuais.

PASSARINHAS

1 - Three Mile Island, Chernobyl, Fukushima… Usina nuclear é que é a verdadeira “arma de destruição em massa” ou o aut6entico e real “eixo do mal”. .

2 – Ai saudades, que não tem idade, do sempre eterno “poetinha Vinícius de Moraes” ! Que nos deu:
Rosa de Hiroshima
Composição: Vinícius de Moraes / Gerson Conrad..

(De preferência na voz de Ney Matogrosso).

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Por Sérgio Guerra.

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