Comissão de Energia Nuclear afasta risco de vazamento de material radioativo na UFRJ

Suspeita vinha provocando preocupação de professores e alunos do Instituto de Geociências

Por Rafael Galdo, para O Globo

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnem) descartou uma suspeita de vazamento de material radioativo no campus do Fundão da UFRJ. A suposta existência de caixas contaminadas, enterradas numa área conhecida como Geomata, próxima ao Instituto de Geociências (Igeo), vinha mobilizando há meses professores e alunos. Eles desconfiavam que a radiação poderia estar relacionada à alta incidência de casos de câncer no departamento de Geografia, o mais perto do terreno. Mas, na última quinta-feira, técnicos da Cnem fizeram um levantamento radiométrico no local e, segundo um relatório elaborado após a visita, afastaram qualquer risco.

Nos bastidores, o assunto vinha sendo discutido desde 2014, depois da morte de renomados professores da universidade, vítimas de câncer. Recentemente, no entanto, teria sido emitido um alerta a parte da comunidade acadêmica. Mês passado, corpo docente e estudantes da Geografia chegaram a debater medidas para pedir a órgãos competentes a investigação das fontes radioativas. A reunião aconteceu numa sala a poucos metros da Geomata, área de experimento de plantio de várias espécies de árvores onde as caixas estariam enterradas.

O material teria sido descartado no terreno anos atrás, por uma professora que deixou a universidade. Pelo que informaram, uma delas precisaria ficar até 400 anos enterrada antes de retirada do local. E isso tudo nos preocupa, porque nos últimos anos perdemos muitos professores por causa de diferentes tipos de câncer. Não sabemos se nossa saúde também está em risco — afirmava, na época, uma aluna do curso.

Informada pelo GLOBO sobre o receio que atemorizava os frequentadores do Igeo, a Cnen mandou uma equipe ao instituto. Foram vistoriados também laboratórios, mas se verificou que se tratava de um alarme falso. Antes da inspeção, o diretor do Igeo, Ismar de Souza Carvalho já negava que caixas poderiam estar vazando algum tipo de material radioativo.

Todos os nossos equipamentos são monitorados. Não há risco algum. Deve haver alguma informação truncada nesse assunto — diz Ismar.

Ex-presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o professor de Engenharia Nuclear Aquilino Senra, da Coppe/UFRJ, explica que todo material radioativo deve seguir protocolos para o descarte em local apropriado.

Com o tempo, fontes radioativas usadas em diversos equipamentos decaem, não têm mais os efeitos para o que eram utilizadas. Nesses casos, a Cnen deve ser comunicada para que a comissão faça a coleta e o depósito do material de forma adequada — explicou ele.

A suspeita lembrava o caso de 1987, quando um aparelho com uma peça radioativa foi achado e aberto por catadores de papel em Goiânia, abandonado numa clínica desativada. Os homens acharam que se tratava de sucata e venderam o fragmento a um ferro-velho. A cápsula projetava uma luz brilhante que despertou curiosidade, e muita gente acabou manuseando o material.

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