Por Agência Reuters
A estatal russa de energia nuclear Rosatom quer ampliar sua presença no Brasil, onde abriu um escritório no ano passado, e para isso poderia até mesmo ajudar o país a concluir a construção da usina de Angra 3, no Rio de Janeiro, hoje paralisada após empreiteiras desistirem do empreendimento.
"Atualmente não conduzimos negociações sobre esse projeto, mas se recebermos uma proposta dessas estaremos prontos para considerá-la. A Rosatom é a líder em número de projetos de construção de usinas nucleares para clientes estrangeiros", afirmou à Reuters o vice-presidente da companhia para a América Latina, Ivan Dybov.
Atualmente, a Rosatom trabalha na construção de 34 reatores nucleares no exterior e está negociando para participar de outros 25 projetos.
Orçada em R$ 14,8 bilhões, Angra 3 está com 67% das obras civis concluídas. A usina deveria iniciar a operação no final de 2018, mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já prevê geração apenas em 2021.
"A Rosatom está interessada em projetos na América Latina e no Brasil em particular, e estamos buscando diferentes oportunidades de negócios", completou Dybov, em entrevista por e-mail.
Angra 3, um projeto da estatal Eletronuclear, da Eletrobras, também enfrenta problemas financeiros, com atraso em pagamentos aos construtores, e acusações de corrupção --o ex-presidente da empresa Othon Pinheiro foi preso sob suspeita de receber propina após ser alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga corrupção entre estatais e partidos políticos no Brasil.
A Rosatom possui US$ 110 bilhões em contratos a serem executados em dez anos com clientes estrangeiros, e o objetivo é elevar esse montante para US$ 160 bilhões dentro de dois anos.
"Em 2017, mais de 50% da receita da Rosatom poderá vir de projetos estrangeiros", disse Dybov.
Atualmente, a Rosatom constrói reatores nucleares em países como Índia, Vietnã, China, Bangladesh, Jordânia e Egito, entre outros.
A empresa também assinou acordo com a Bolívia no último domingo para a instalação no país de um centro de pesquisas nucleares, em um investimento de US$ 300 milhões.
No Brasil, a companhia passou a realizar, no ano passado, o fornecimento de isótopos Mo-99, uma importante matéria-prima para a medicina nuclear.
"Também vemos perspectivas de cooperação em áreas vitais... como sistemas de dessalinização e tratamento de água, sistemas de segurança, fontes de energia e outros", disse o diretor da Rosatom na América Latina.
Procurada, a Eletronuclear não respondeu a pedidos de comentários sobre Angra 3.
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