por G1 Sul de Minas
A INB, Indústrias Nucleares do Brasil, foi condenada a indenizar um ex-funcionário que alegou ter medo de trabalhar com materiais radioativos em Poços de Caldas(MG). A decisão é inédita e pode fazer com que mais trabalhadores também sejam beneficiados. A empresa ainda aguarda julgamento de recurso.
José Walter Tomazoli trabalhou na INB durante 24 anos, de 1982 a 2006. Ele conta que desde quando prestava serviços à empresa, tinha medo de ter problemas de saúde. Agora, por causa dos danos psicológicos que alega ter sofrido, ganhou no Superior Tribunal do Trabalho o direito à indenização e acompanhamento médico.
"Ficava sabendo de um ou outro que teve o problema e tinha medo", disse José Walter, que ainda completou que considera avanço também para os colegas de trabalho. "Não só pra mim, como pra todos os outros colegas que estão envolvidos", afirmou.
Um laudo pericial apresentado ao Tribunal Regional do Trabalho atestou que os danos à saude do ex-funcionário eram legítimos. O documento dizia ainda que os sintomas acausados pelo contato com o material radioativo podem demorar a aparecer.
O TRT também entendeu que, no caso de José Walter, houve negligência da mineradora, já que não havia o aparelho que mostra quando o empregado deve ser transferido de setor por ter atingido o nível máximo de radiação. Helio Scalvi, geólogo que trabalhou durante 35 anos na INB, lembra como era feito o acompanhamento.
"Os funcionários que estavam diretamente ligados a operação, tanto de lavra quanto de fabricação do urânio, eram monitorados através do dosímetro. O pessoal da administração muitas vezes não usava porque não estava diretamente ligado a essa fonte radioativa", contou.
A decisão pode favorecer pelo menos outros 100 ex-funcionários da empresa que já teriam entrado na Justiça. A assessoria da INB informou que entrou com embargo de declaração e agora aguarda o julgamento do recurso.
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