Promotoria acusa 3 ex-diretores de Fukushima por negligência

Da Agência EFE

O ex-presidente da TEPC, Tsunehisa Katsumata, um dos acusados

A Promotoria do Japão acusou nesta segunda-feira (29) três ex-diretores da operadora da central de Fukushima por não terem tomado as medidas necessárias para evitar o desastre nuclear de 2011, informou a emissora pública "NHK". É o primeiro processo penal contra responsáveis pela usina.

Os três ex-diretores da Tokyo Electric Power (Tepco) processados por negligência na crise originada pelo terremoto e tsunami de 11 de março de 2011 são Tsunehisa Katsumata, presidente da companhia no momento do acidente, que tem hoje 75 anos, e os ex-vice-presidentes Sakae Muto, de 65, e Ichiro Takekuro, de 69.

A acusação considera que o acidente em Fukushima, cujos reatores sofreram fusões parciais após perder o sistema de refrigeração, expôs aqueles que vivem ao redor a emissões muito radioativas.

Além disso, os diretores são responsabilizados pelo fato de 13 pessoas, incluindo trabalhadores da usina e membros das forças armadas, terem ficado feridas após o acidente - e que 44 morreram após serem retiradas de um hospital onde estavam internadas.

A operadora de Fukushima reconheceu a acusação de seus três ex-diretores, mas decidiu não se pronunciar. A Tepco, no entanto, pediu desculpas "pela moléstia e pela preocupação causada aos moradores de Fukushima e ao resto da sociedade pelo acidente nuclear".

Os três acusados não foram detidos, e espera-se que eles se declarem inocentes, segundo fontes citadas pela agência "Kyodo". Essas mesmas fontes acreditam que o julgamento deve acontecer no fim de ano, pois levará algum tempo para recolher todas as provas necessárias.

Revisão
A decisão da Promotoria acontece depois que um grupo de atingidos apresentou uma primeira denúncia em 2012, contra um total de 42 autoridades e responsáveis da usina que continuaram operando Fukushima.

Em um primeiro momento, a Promotoria do distrito de Tóquio havia decidido, em setembro de 2013, desprezar o processo e não apresentar acusações, por considerar que era muito difícil prever a escala do tsunami que atingiu a usina.

Os litigantes solicitaram, no entanto, uma análise mais exaustiva e recorreram a um comitê de investigação judicial, um órgão raramente usado no Japão e formado por cidadãos, que em julho passado lhes deu a razão e passou de novo o caso à Promotoria.

As emissões e vazamentos de água contaminada produto do acidente, o pior desde o de Chernobyl (Ucrânia) em 1986, ainda mantêm deslocadas milhares de pessoas que viviam perto da usina, e causaram danos milionários à agricultura, à pecuária, à pesca e a outros muitos setores da economia local.

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