Com informações do Estadão Conteúdo

A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) exportará urânio enriquecido pela primeira vez. O contrato de R$ 4 milhões foi fechado com a Argentina pelo envio de 4 toneladas de urânio enriquecido em pó para abastecer um reator nuclear argentino. A INB enviará três lotes distintos, com teor de enriquecimento de 1,9% (1,43 toneladas), 2,6% (670 quilos) e 3,1% (2 toneladas).

No caso dos dois primeiros lotes a estatal processou estoques de urânio enriquecido importado e transformou em pó. O terceiro lote foi integralmente enriquecido e transformado em pó no Brasil, na fábrica de Resende (RJ).

O presidente da INB João Derzi Tupinambá fez o anúncio dia 20 em evento do setor nuclear e preferiu não atrelar a exportação ao momento delicado enfrentado pelo setor nuclear no Brasil, paralisado pelas investigações da Operação Lava-Jato envolvendo a Eletronuclear e a construção de usinas como Angra 3. "A área nuclear está em compasso de espera e a INB se insere nesse contexto", admitiu.

Atualmente a capacidade de produção de urânio enriquecido da INB só é capaz de atender a 40% das necessidades anuais da usina nuclear Angra 1, que soma 100 mil UTS (Unidades de Trabalho de Separação). Contigenciamento de recursos, no entanto, têm impedido o desenvolvimento integral do projeto.

O material enriquecido a ser enviado para a Argentina será transportado por terra da fábrica de Resende (RJ) até Uruguaiana (RS), com escolta da Polícia Rodoviária Federal. Caso o produto não seja exportado até a próxima semana será preciso esperar o fim das Olimpíadas, que mobilizarão o efetivo de segurança.

Mina em Caetité

O presidente da INB informou que após enfrentar problemas de licenciamento em Caetité (BA), a empresa partiu para um outro projeto. "Estamos retomando esse ano e começando a desenvolver uma nova mina", disse. A primeira mina no local se exauriu e a empresa teve problemas para licenciar um segundo projeto. Agora está optando por uma terceira via, com uma mina a céu aberto.

Em fase de licenciamento pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a mina deve atingir sua capacidade máxima de produção, de 250 toneladas de urânio ao ano, em 2018 se tudo der certo. O projeto faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem orçamento estimado em R$ 182 milhões. Em 2016 serão investidos R$ 32 milhões no decapeamento da unidade e já deve haver uma produção inicial de 60 toneladas.

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