De norte a sul do país, a sociedade civil brasileira reivindica a imediata e definitiva desistência de concluir a usina atômica Angra 3 em manifesto enviado ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinado por mais de 450 entidades, movimentos sociais e populares, políticos, cientistas do clima, militantes socioambientais e outras personalidades, inclusive três ex-ministros do meio ambiente.

A ampla e representativa adesão ao documento, proposto pela Articulação Antinuclear Brasileira, que desde o ano passado vem fazendo uma campanha para barrar o bilionário investimento anunciado para uma obra de futuro duvidoso, já que a indústria nuclear está em declínio no mundo, compôs mais um vigoroso alerta contra os riscos do uso da tecnologia nuclear para produzir eletricidade.

Até a mídia corporativa, pró-nuclear, já brada que é hora de desistir de Angra 3. A posição do presidente Lula é decisiva para definir o destino da polêmica usina, que divide o governo e não seduz o colegiado do Conselho Nacional de Política Energética, enquanto o Ministério de Minas e Energia pressiona pela conclusão da obra, com a falácia de que a nuclear é fonte limpa de energia e remédio para a crise climática. É preciso barrar a sangria de recursos mal direcionados para manutenção de uma obra inacabada e para custear estudos que não conseguem garantir segurança para a operação da usina.

Entre significativas mensagens de apoio ao manifesto, destacamos a do ex-ministro Carlos Minc que afirmou se somar aos cientistas, ecologistas e ex-ministros do meio ambiente, contra os subsídios às energias fósseis e por defender o emprego do vultoso recurso, previsto para Angra 3, na expansão das fontes renováveis de energia.

Sabemos que a decisão sobre os investimentos públicos deve atender as prioridades da coletividade e a expansão da indústria atômica é desnecessária, já que não há necessidade de energia nuclear para a segurança energética do Brasil. Neste rumo, desde a Floresta Nascente Bonita (APA Itacaré Serra Grande, Uruçuca, na Bahia), o engenheiro agrônomo Ricardo Rodolfo Zehnder apelou ao presidente Lula para “dirigir de forma exemplar o destino do Brasil, que abraça a Paz e a justiça socioambiental como caminho crucial para a sobrevivência da Gaia, que somos todos nós”.

Abaixo ofício do envio do manifesto a Lula, a ser colocado no próximo post

Em 27 de janeiro de 2025


Sr. Presidente*,

Em dezembro do ano passado, o governo brasileiro lançou, em Paris, o Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica no Simpósio do Banco Mundial, que debateu o papel das finanças na transição ecológica global, crucial para o estabelecimento de uma política ambiental preventiva capaz de responder aos desafios da emergência climática. O Novo Brasil pretende “gerar emprego e renda, promover a transição climática e ambiental justa e, ao mesmo tempo, reduzir as desigualdades sociais”. 

Entendemos que a Transformação Ecológica só será alcançada com a implementação de uma adequada Política Nacional sobre Mudança do Clima, em sintonia com a Política Nacional de Educação Ambiental e a Política Nacional de Transição Energética priorizando nas diretrizes governamentais o debate sobre o papel das fontes renováveis de energia, a participação popular na definição das políticas públicas e o respeito aos direitos humanos e da natureza.

Assim, vemos, com apreensão, a contradição entre o Ministério do Meio Ambiente - que defende a expansão das fontes renováveis - e o Ministério de Minas e Energia que vem tentando impor a falácia de que a energia nuclear é fonte limpa de energia e solução para o aquecimento global. Reivindicamos que na complexa repartição dos gastos públicos, o Novo Brasil priorize o investimento em emergência climática, educação, saúde, segurança, etc. e enxergue que não há espaço para seguir gastando bilhões para concluir ANGRA 3, já que se tornou desnecessária para garantir a segurança energética do Brasil.

Nessa expectativa, enviamos a V. Exa., o manifesto Transformação ecológica do Novo Brasil, sem Angra 3! subscrita por cerca de 500 entidades, movimentos sociais e populares, políticos, cientistas do clima, militantes socioambientais e outras personalidades, inclusive três ex-ministros do meio ambiente. A posição de V. Exa. é decisiva para definir o polêmico destino de Angra 3, prevista para sair ainda este mês e que divide os membros do Conselho Nacional de Política Energética. Agora até a mídia corporativa, pró-nuclear, brada que é hora de desistir de Angra 3!. Assim, expressamos nossa preocupação com as erráticas decisões da política energética, considerando urgente a adoção de um projeto de convivência humanizada e harmônica com a natureza, onde não há lugar para o desenvolvimento de tecnologia nuclear (suja, cara e perigosa) para produzir eletricidade.

Respeitosamente,

Articulação Antinuclear Brasileira

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